quinta-feira, 2 de agosto de 2007

M'Boitatá, quer ser um SER. Cap.I

Primeiro ela quis costelas,
Aflecha atendeu-a com arcos de ferro,
depois de pensar seus mínimos detalhes.
Queria pele, M'Boitatá queria ser um SER!
Então juntaram-se artistas da cidade
à AFLECHA e, bonitas escamas, criaram.
Em grandes panos imprimiram matrizes,
de diferentes formas e múltiplas idéias:
M'Boitatá na caverna,
M'Boitatá comendo olhos, muitos olhos.
e assim por diante.
Mas, insatisfeita, M'Boitatá continuava a cobrar a pele,
que sem a massa corpórea, queria volume,
assim, em arcabouço, ninguém reparava nela.
A não ser um desavisado que cruzasse
os três mil metros do salão e tivesse seu pescoço caçado
por uma das suas costelas de arame.
Mesmo sem olhos, M'Boitatá sentia
o buliço de gentes ao redor de grandes mesas,
a imprimir com rolos, colheres de pau e até xícaras roliças
o tecido que faria dela um ente único.
Não tinha corpo, mas seus arames agiam como antenas.
Sabia, pelo número de viventes,
que a concebiam com paixão.
E intuía um futuro glorioso
para seus vinte metros de comprimento.
Ainda assim, um tanto aflita, queria luz
de nada adiantava os miles olhos que a empanturravam,
dos bichos que matara e com os quais se tornou fogo fátuo.
Fugiria, não fosse uma cobra sem ânimo.
Sua pele, estendida como estandartes
provava, seria imponente.
De que precisavam os artistas?
Ilhoses, alguém da Aflecha falou.
E foi tal a bateção e os furos de ilhoses
depois de muitas medidas, que a trena ficou sem número,
acabaram com a questão.
E assim começou a união,
fez-se a cabeça e o rabo.
mas sem entremeio não se é,
mesmo que cabeça e rabo sejam indispensáveis.
Alguém cogitou da luz, a M'Boitatá estava ficando pálida.
Veio, então, um iluminador, não por seus lindos olhos, mas porque
ESSA POA É BOA.
Um fraterno abraço, Lília Manfroi

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